sábado, 25 de junho de 2011

TCHAU PV!


Marina Silva candidata a presidência do Brasil

Revista Época

Marina Silva, a mulher de saúde frágil que aprendeu a ler aos 16 anos e quase virou freira, sonha em ser presidente do Brasil. Em nome da utopia, Marina fez uma escolha pragmática. Convidada a ser candidata à Presidência, aceitou filiar-se ao Partido Verde, o PV, uma pequena legenda identificada não apenas com a agenda ambientalista – mas também com propostas liberais, como a legalização da maconha e do aborto. Marina, que se convertera à religião evangélica em 1997, ignorou as latentes tensões entre suas convicções religiosas e as posições liberais da plataforma verde. Apesar do bom desempenho na campanha presidencial do ano passado, não deu certo. Dois anos e 19,5 milhões de votos depois, Marina decidiu: deixará o PV. O anúncio ocorrerá nesta semana.

A união entre Marina e o PV começou com promessas e terminou em desilusões. Desilusões produzidas, sobretudo, ao sabor das inevitáveis divergências de uma campanha eleitoral. Marina e o PV, especialmente por meio de seu presidente, José Luiz Penna, discordaram em quase tudo nas eleições. Aos poucos, sua campanha separou-se da estrutura do partido. Os problemas começaram na arrecadação de dinheiro. O vice da chapa, o empresário e fundador da Natura, Guilherme Leal, centralizou os trabalhos de coleta de recursos. Os tradicionais arrecadadores do PV se incomodaram com a resistência de Leal aos métodos tradicionais – e heterodoxos – de financiamento de campanhas no Brasil, do qual o partido nunca foi exceção. Um dos dirigentes do PV conta como anedota o dia em que Marina mandou devolver uma mala de dinheiro “não contabilizado”, em linguajar delubiano, ao empresário paulista que o havia enviado.

O segundo ponto de atrito entre Marina e o PV deu-se em razão da entrada de líderes evangélicos na organização política da campanha. Pastores da Assembleia de Deus, igreja de Marina, influenciavam decisivamente na elaboração da agenda da candidata. A força deles no comando da campanha não casava com o perfil histórico do PV. Se em sua plataforma e em seu discurso o PV era favorável à legalização da maconha, do aborto e do casamento gay, era uma clara incoerência que sua candidata à Presidência se colocasse contra essas posições. O PV temia perder o eleitorado urbano, moderno, descolado. As lideranças evangélicas argumentavam que isso não seria um problema e prometiam trazer 40 milhões de votos para a candidata, caso a campanha se voltasse aos eleitores evangélicos.

O terceiro motivo para o desgaste entre Marina e o PV foi político. Apesar de ter rompido com o PT, Marina mantém uma relação ambígua com o ex-presidente Lula. Suas recusas em criticar Lula publicamente durante a campanha provocaram estremecimentos entre a candidata e Guilherme Leal. Leal é simpático ao PSDB e doou dinheiro para a campanha do tucano Geraldo Alckmin à Presidência, em 2006. Por outro lado, Marina contrariou aliados ex-petistas quando decidiu não usar uma campanha em vídeo preparado por seu marqueteiro cujo slogan era “Marina, a verdadeira sucessora de Lula”. “A campanha era maravilhosa, impactante, contava a trajetória de vida dos dois, a proximidade deles”, diz um aliado. Marina mantém sua decisão: “Acho pretensioso, poderia parecer pretensioso (o vídeo). Eu tenho muita consciência do meu tamanho”.

A guerra virtual começou

Tais versos, traduzidos do inglês, são a letra da música tema de um antigo seriado americano, O barco do amor, um símbolo das comédias românticas dos anos 1970 e 1980. A série arrancava risadas, e até suspiros, com os amores ingênuos e trapalhadas num cruzeiro. A música foi agora adotada como hino por passageiros de outra embarcação: um grupo internacional de hackers que promove ataques piratas a empresas e governos nos oceanos digitais da internet e é conhecido pela alcunha LulzSec.

Em seu site, o grupo trocou a palavra “love” (amor) por “Lulz” na letra da balada. Lulz é uma variante da sigla LOL, ou “laughing out loud”, algo como “rindo bem alto” na gíria da internet. Mas as ações do LulzSec não têm graça nenhuma. Na semana passada, um ramo brasileiro do grupo realizou o maior ataque à internet do país.

Os hackers tiraram do ar o Portal Brasil e vários sites oficiais: da Presidência, do Senado e dos ministérios do Esporte e da Cultura. Também tentaram derrubar o site da Receita Federal e de empresas privadas, mas apenas causaram lentidão. Nos ataques, sobrecarregaram os computadores com vários acessos simultâneos, tirando o o serviço do ar. Em alguns casos, porém, invadiram computadores e conseguiram alterar o conteúdo das páginas. Na madrugada da sexta-feira, outro grupo, intitulado Fail Shell, deixou uma mensagem de protesto no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os hackers também divulgaram informações pessoais que atribuíram a figuras públicas, como a presidente Dilma Rousseff e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, além de pretensos dados com gastos de outros políticos (parte das informações é falsa ou pública). Do site do Ministério do Esporte, o LulzSec afirma ter retirado dados de funcionários (o ministério nega). Na sexta-feira, os hackers divulgaram dados pessoais e bancários de funcionários da Petrobras, que teriam sido capturados do site da estatal. A Infraero disse que tirou o próprio site do ar, para evitar o furto de informações sobre voos. A Polícia Federal diz que vai investigar e que os responsáveis podem pegar até cinco anos de prisão.

O inferno astral de Sérgio Cabral

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, do PMDB, vivia uma espécie de lua de mel com a população fluminense. Em 2010, ele foi reeleito no primeiro turno com 66% dos votos válidos, o que lhe garantiu o título de terceiro governador mais bem votado do país. Obteve esse resultado no embalo do sucesso das UPPs, as Unidades de Polícia Pacificadora, da queda geral da violência no Rio, da atração de investimentos públicos e privados para o Estado e das conquistas da Olimpíada de 2016 e da Copa de 2014, que terá sua final no Maracanã. Cabral desfrutava o prestígio que todo político gostaria de ter.

Nas três últimas semanas, sua maré virou. No campo político, Cabral combateu uma greve de bombeiros que colocou boa parte da população contra ele. O governador classificou como “vândalos irresponsáveis” soldados que ganham salário inicial de R$ 950 numa cidade que todos os anos enfrenta enchentes e deslizamentos. No campo administrativo, Cabral sofreu desgaste com um inédito apagão que parou o Metrô do Rio. No campo pessoal, enfrenta uma crise com a mulher, que teria pedido a separação, e o luto pela morte de sete pessoas num acidente de helicóptero no sul da Bahia, entre elas a namorada do filho. E, no campo ético, tem sido obrigado a explicar suas ligações pessoais com empresários que têm interesses e contratos com o Estado. A tragédia do helicóptero revelou a relação próxima do governador com os empresários Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, empresa que embolsou quase R$ 1 bilhão em obras durante seu governo, 25% desse total sem passar por licitação, e Eike Batista, dono da maior fortuna pessoal do país.


Istoé

O mapa da barganha

Sobre a mesa da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, ocupa lugar de destaque uma lista com 184 indicações para cargos de segundo escalão do governo. Esse é o loteamento exigido pelas legendas governistas, que querem ver as nomeações publicadas no “Diário Oficial” o mais breve possível. Além da acomodação em postos estratégicos, a fatura cobrada pelos parlamentares inclui o empenho de R$ 3 bilhões em emendas do Orçamento de 2011 e a liberação de R$ 1 bilhão de anos anteriores. Do contrário, ameaçam endurecer o jogo para o governo no Congresso. As declarações da ministra Ideli, na terça-feira 21, de que haverá “frustrações” nos partidos no processo de preenchimento de vagas foram pessimamente recebidas pelas lideranças na Câmara e no Senado. Os cargos e as emendas representam o capital eleitoral dos deputados junto a prefeitos e vereadores às vésperas das eleições municipais. Daí a pressa. Os aliados insistem que, se não forem atendidos, matérias de interesse do governo, como os destaques apresentados à Medida Provisória que trata das regras especiais de licitação para a Copa, não tramitarão no Legislativo ao sabor das conveniências do Palácio do Planalto. “O PMDB não vai abrir mão do direito de indicar”, afirma o líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

Brasil sob ataque de hackers

O Brasil sofreu o maior ataque de hackers de sua história no início da madrugada da quarta-feira 22, quando os sites da Presidência da República, da Receita Federal e o Portal Brasil ficaram fora do ar por uma hora. O portal da Petrobras também foi invadido. Entre a meia-noite e meia e as três horas da manhã, houve mais de dois bilhões de acessos. A pirataria virtual foi assumida pelo grupo Lulz Security Brazil, uma ramificação do Lulz Security (LulzSec), que justificou a ação como um protesto contra a corrupção no País. O Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) retirou os sites de operação por medida de segurança. Na versão oficial, dados sigilosos do governo não foram acessados, mas os autores do ataque divulgaram pelo Twitter informações pessoais da presidente Dilma Rousseff e do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

Na manhã da quinta-feira 23, o ataque se ampliou. Outro grupo entrou em ação: o Fatal Error Crew anunciou ter derrubado 500 sites de prefeituras e Câmaras municipais no interior do País. Como prova, divulgou os endereços das páginas que deixou fora do ar. No caso dos ataques ao governo federal, os sites ficaram inoperantes pelo acúmulo de mensagens, segundo o diretor-superintendente do Serpro, Gilberto Paganotto. “Não houve invasão. O que eles conseguiram foi deixar os sites não operantes por determinado período”, disse. O ataque partiu de provedores da Itália, mas não significa que os hackers vivem lá. Foram utilizados robôs – programas implantados em computadores à revelia dos seus usuários. A Polícia Federal vai abrir inquérito para investigar a ação, mas será difícil encontrar uma forma de punir os responsáveis, já que os crimes virtuais não estão tipificados na legislação brasileira. Há apenas um projeto de lei que aguarda votação na Câmara dos Deputados.

fonte: Congresso em Foco.

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